...Toda a cidade se alvoroçou...
O cortejo não foi um movimento de massas populares, mas a excitação foi tão grande que despertou a cidade inteira, e todos ouviram algo que os afetou. A cidade ficou alvoroçada como se tivesse
sido abalada por um terremoto, palavra esta que também vem do vocábulo grego aqui traduzido por "alvoroçou".
Escreveu Bruce (in loc. ): Até mesmo a gélida Jerusalém estagnada pelo formalismo religioso e socialmente impassível, foi sacudida pelo entusiasmo popular como se por ela tivesse
passado um poderoso tufão ou um terremoto.
E Morrison observa: - Um mais profundo levante de sentimentos.
Meyer disse (in loc ): -A excitação foi contagiante.
John Giil (in loc.) notou a possibilidade de que a cidade em geral, ouvindo falar da grande comoção, talvez tenha suspeitado do avanço de um exército estrangeiro ou de outra ameaça que se adentrava pela cidade. Muitos corriam de um lado para outro, procurando inteirar-se do que ocorria.
Embora fosse o começo da grande festividade que sempre atraia muitos peregrinos e enchia a cidade de excitação, o povo jamais testemunhara qualquer coisa que se assemelhasse àquilo. Nem toda a excitação, entretanto, foi favorável (em contraste com o término simples da história dada por Mateus e Marcos). Lucas escreve; «Ora, alguns dos fariseus lhe disseram em meio à multidão; Mestre, repreende os teus discípulos. Mas ele lhes respondeu; Assevero-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão». Assim se reiniciava, uma vez mais, o antigo ódio e a contenda dos fariseus contra Jesus. Os fariseus também acorreram para ver o que estava acontecendo, e ao descobrirem que se tratava da chegada do perturbador Jesus, a quem todos conheciam pelo menos devido à sua fama popular, iraram-se e tentaram pôr cobro (fim) ao que pensavam ser uma blasfêmia. Mas Jesus mostrou que aquele digno louvor era totalmente necessário naquela ocasião, porquanto nos conselhos de Deus teria de acontecer. Se o povo fosse reprimido, Deus faria com que os próprios objetos inanimados prorrompessem em exclamações de júbilo. Isso equivalia a dizer que os conselhos de Deus devem prevalecer, e que o seu Messias teria de ser devidamente adorado. O profeta Habacuque registrou quase a mesma declaração: «Por que a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento» (Hab. 2:11). Neste caso se trata de um grito contra homens pecaminosos e violentos. No evangelho de Lucas, entretanto, trata-se de uma expressão de adoração, mas por detrás de ambas as passagens acha-se a ideia da necessidade de expressão.
João adiciona um adendo que diz-nos que a multidão era tão grande devido, pelo menos em parte, ao fato de ter-se espalhado a história da ressurreição de Lázaro por parte de Jesus (João 12:17,18). As multidões vieram, em parte, movidas pela curiosidade, mas foram apanhadas no entusiasmo da multidão, porquanto muitos vinham da Galiléia, acompanhando a Jesus pelo caminho. João também revela o desprezo das autoridades religiosas, dizendo; «De sorte que os fariseus disseram entre si; Vede que nada aproveitais! eis ai vai o mundo após ele» (João 12:19). Essas palavras transpiram inveja, ira, ódio e desejo de vingança. Os fariseus tinham ouvido falar no «maléfico» (na concepção farisaica) profeta da Galiléia, na maneira como atraia as multidões e em quanta perturbação causara ali. E agora eis que ele ali se encontrava, maléfico como sempre, enganando o povo como sempre. E, em adição aos seus «crimes», aceitava os clamores de «hosana» e de «Filho de Davi», asseverando que tudo isso lhe era devido por direito. Talvez as autoridades religiosas de Jerusalém esperassem que os habitantes da Galiléia se deixassem enganar daquela maneira, pois eram uma população mista, alienada da pura religião que se observava na capital. Não obstante, os próprios habitantes de Jerusalém corriam após Jesus—de fato, o mundo inteiro ia atrás dele!
Nenhum comentário:
Postar um comentário