«...uma mulher da cidade, pecadora...» A cidade não é identificada, e se têm feito muitas
conjecturas a respeito. Alguns têm pensado em Jerusalém, porém, é mais provável
que Lucas tivesse Cafarnaum em mente.
A palavra «pecadora», neste caso, é o termo
comum, que indica alguém entregue ao pecado, praticante do pecado ou de algum
vício, palavra essa que pode ser do gênero masculino ou feminino. Mui
provavelmente, o sentido aqui tencionado é que a mulher era uma
prostituta.
Pela história, ficamos sabendo que uma
refeição particular, na Palestina, podia assumir a aparência de um
entretenimento público, não sendo extraordinário a presença de hóspedes não
convidados. Assim sendo, os hóspedes não convidados podiam movimentar-se em
torno da mesa do banquete, e isso não excitaria qualquer comentário e nem
era julgado como algo incomum. (Ver Luc. 14:2 e Marc. 2:16). Pela passagem de
Luc. 8:3 sabemos que Maria Madalena fora possuída por demônios, tendo recebido
a ministração especial de Jesus; e nesse trecho ela parece ser apresentada como
uma nova personagem, na narrativa dos evangelhos. Isso contribuiria contra a
sua identificação com a mulher deste capítulo. Não obstante, a possessão
demoníaca seria coerente com a prostituição, porquanto a possessão demoníaca
anula ou, pelo menos, enfraquece grandemente, a natureza moral do
indivíduo, e lhe destrói a vontade pessoal. Podemos afirmar que nada de sólido
(quanto à identificação dessa mulher) pode ser deduzido em um sentido ou em
outro, do fato que Maria Madalena fora possuída por demônios. Não há motivo algum em pensarmos que a
declaração que lemos neste capítulo: «Perdoados
são os teus pecados» (vs.
48), tenha qualquer coisa a ver com o exorcismo. É óbvio que a conduta
dessa mulher, na casa do fariseu, foi muito diferente da usual atividade
frenética dos possessos; portanto, se essa mulher era Maria Madalena, isso
significaria que os demônios já haviam sido expulsos dela em ocasião
anterior.
Outras identificações têm sido feitas.
Vinculando essa narrativa com a de João 12:1-8, essa mulher tem sido
identificada com Maria de Betânia. Essa Maria era irmã de Marta e Lázaro.
Alguns têm chegado ao extremo de fazer mais uma identificação com Maria
Madalena, pensando que a prostituta desta passagem fosse Maria, irmã de Marta,
e que ela também seria conhecida pelo nome de Maria Madalena. Mas essas
conjecturas não têm fundamento, repousando em opiniões arbitrárias. Parece
difícil crer que a Maria que escolheu a melhor parte (segundo a descrição de
Lucas acerca de sua adoração e espírito devoto, em 10:42), pudesse, tão pouco
tempo antes, ter sido a prostituta descrita neste capítulo.
Parece melhor pensarmos que a mulher deste
capítulo simplesmente foi poupada de ser identificada. Provavelmente ela era
uma das muitas outras, no dizer de Luc. 8:3, que agiam como discípulas
especiais de Jesus; e a ausência da identidade dessa mulher, que deve ter sido
uma bem conhecida palmilhadora de ruas, em tempos anteriores, foi um sinal de
simpatia e consideração, por parte de Lucas.
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